quarta-feira, 24 de abril de 2013





INGURGITAMENTO MAMÁRIO (MAMAS EMPEDRADAS)

No ingurgitamento mamário, há três componentes básicos: congestão/aumento da vascularização, acúmulo de leite e edema decorrente da congestão e obstrução da drenagem do sistema linfático. Não havendo alívio, a produção do leite é interrompida, com posterior reabsorção do leite represado. O aumento da pressão intraductal faz com que o leite acumulado sofra um processo de transformação em nível intermolecular, tornando-se mais viscoso. Daí a origem do termo “leite empedrado”.

É importante diferenciar o ingurgitamento fisiológico do patológico. O primeiro é discreto e representa um sinal positivo de que o leite está descendo. Não requer intervenção.

Já no ingurgitamento patológico, a distensão tecidual é excessiva, causando grande desconforto, às vezes acompanhado de febre e mal-estar. A mama encontra-se aumentada de tamanho, dolorosa, com áreas difusas avermelhadas, edemaciadas e brilhantes. Os mamilos ficam achatados, dificultando a pega do bebê, e o leite muitas vezes não flui com facilidade. Costuma ocorrer com mais freqüência em torno do terceiro ao quinto dia após o parto e geralmente está associado a um dos seguintes fatores: início tardio da amamentação, mamadas infrequentes, restrição da duração e frequência das mamadas, uso de suplementos e sucção ineficaz do bebê.

O ingurgitamento pode ficar restrito à aréola (areolar) ou ao corpo da mama (periférico) ou pode acometer ambos. Quando há ingurgitamento areolar, a criança pode ter dificuldade na pega, impedindo o esvaziamento adequado da mama, o que piora o ingurgitamento e a dor.

Prevenção
As seguintes recomendações são úteis na prevenção do ingurgitamento mamário:
- iniciar a amamentação o mais cedo possível;
- amamentar em livre demanda;
- amamentar com técnica correta;
- evitar o uso de suplementos.

Tratamento
Uma vez instalado o ingurgitamento, recomendam-se as seguintes medidas:
- se a aréola estiver tensa, ordenhar manualmente um pouco de leite antes da mamada, para que ela fique macia o suficiente para o bebê abocanhar a mama adequadamente;
- amamentar com freqüência, em livre demanda;
- fazer massagens delicadas nas mamas, importantes na fluidificação do leite viscoso e no estímulo do reflexo de ejeção do leite;
- usar suporte para as mamas ininterruptamente - sutiã com alças largas e firmes, para alívio da dor e manutenção dos ductos em posição anatômica;
- usar compressas frias após ou nos intervalos das mamadas para diminuir o edema, a vascularização e a dor.

Se o bebê não sugar, a mama deve ser ordenhada manualmente ou com bomba de sucção. O esvaziamento da mama é essencial para dar alívio à mãe, diminuir a pressão mecânica nos alvéolos, aliviar o obstáculo à drenagem da linfa e edema, diminuir o risco de comprometimento da produção do leite e, sobretudo, da ocorrência de mastite.

Apesar de não haver comprovação quanto à eficácia das compressas frias (ou gelo envolto em tecido) no alívio dos sintomas do ingurgitamento mamário, elas podem ser úteis quando se quer reduzir a produção do leite. A hipotermia local provoca vasoconstrição temporária e, conseqüentemente, reduz o fluxo sangüíneo, com conseqüente redução do edema, aumento da drenagem linfática e menor produção do leite. Tais compressas não devem ser utilizadas por mais de 15 a 20 minutos. Por outro lado, compressas mornas promovem vasodilatação, aliviando a compressão local, porém posteriormente, aumentam o volume de leite nas mamas, o que pode ser desvantajoso na vigência de ingurgitamento mamário.

Fonte:
Artigo: Problemas comuns na lactação e seu manejo
Elsa R. J. Giugliani


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