quinta-feira, 3 de abril de 2008

RELAÇÃO SEXUAL NA GRAVIDEZZZZ..........TOTALMENTE SAÚDÁVEL



Causas que explicam redução do prazer variam de acordo com o tempo de gestação




Tabus inibem desejo sexual na gravidez














As práticas sexuais durante o período de gravidez da mulher costumam sofrer uma redução que varia de 40% a 60%. Essa redução é geralmente atribuída a causas de ordem psicológica, física ou emocional, somando-se a isso alguns velhos tabus e mitos, principalmente o religioso, que inibem o desejo sexual feminino.
Durante três anos, a professora e médica tocoginecologista Maria Cristina Lazar coletou cerca de 130 depoimentos de um grupo de 36 mulheres, todas pacientes do Hospital Leonor Mendes de Barros, de São Paulo. O propósito de sua investigação científica era entender o comportamento da mulher em relação às práticas sexuais nesse importante período de sua vida. Suas análises resultaram na tese de doutorado Práticas sexuais de mulheres no ciclo gravídico-puerperal, defendida recentemente no Departamento de Tocoginecologia, sob orientação do professor João Luiz Pinto e Silva, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM/Unicamp). E chegou a algumas conclusões surpreendentes: constatou, por exemplo, que houve uma diminuição da ordem de 25% na freqüência de relações sexuais durante o primeiro trimestre em comparação ao período pré-gestacional, sendo que no segundo trimestre o nível de atividade sexual caiu ainda mais: cerca de 25% em relação ao trimestre anterior. No terceiro trimestre, a pesquisadora verificou que o índice de redução das relações chegava a 50% em relação ao período anterior.
As causas que explicam essa redução variam de acordo com o tempo de gestação, quando a mulher passa por uma agitação hormonal e profundas alterações no seu corpo, como crescimento abdominal e sensibilidade mamária. Nos primeiros três meses, constata-se que a mulher sofre uma série de mudanças físicas como náuseas e vômitos e de humor, ficando mais suscetível às "observações do marido", além do medo de provocar um aborto com a prática do ato sexual. "Pude verificar que, a partir do quinto mês de gestação, o homem começa a perder o interesse sexual pela mulher, enquanto que ela continua, evidentemente, com sua vontade diminuída. Além disso, as formas corporais da mulher vão impondo ao casal posições diferentes de relação, passando gradativamente da mais convencional para a posição lado-a-lado e várias outras", diz Maria Cristina.
Durante os últimos meses de gestação, a preocupação com a proximidade do parto faz com que a mulher diminua ainda mais o interesse por sexo, somando-se a isso, muitas vezes, dores durante a relação. Apesar do declínio da atividade sexual nesse período, segundo a pesquisadora, a mulher sente maior necessidade de manter-se mais próxima do companheiro, de ser beijada, de ser acariciada. Mas constata-se que muitas vezes há considerável desinteresse por parte do marido que, com o tempo, vai se acentuando.
Por ordem médica - Maria Cristina explica que há poucas indicações para limitar ou mesmo cercear a vida sexual de um casal durante o período de gestação. As principais são, basicamente, história prévia de abortos de repetição, história de partos prematuros, presença de infecção em um dos parceiros, gestação múltipla, sangramento durante a relação sexual e ruptura prematura das membranas, por exemplo.
Quando a relação é contra-indicada por motivos de ordem médica, o casal possui alternativas de satisfação sexual. Segundo a pesquisadora, 82% desse grupo dos casais preferem a estimulação mútua, 12% acham que somente as mulheres deveriam estimular o homem, 6% delas preferem a abstenção total e nenhum dos casais acha que somente a mulher deva ser estimulada.
"A masturbação masculina tende a tornar-se estável durante a gravidez e no pós-parto", ressalta Maria Cristina. Quanto à obtenção do orgasmo, a pesquisadora pôde constatar uma diminuição também no decorrer da gestação, reduzindo-se de aproximadamente 70% no período de pré-gestação para pouco mais de 24% no final da gravidez naquelas mulheres que diziam obtê-lo sempre ou na maioria das vezes.
Quanto ao retorno à vida sexual no período pós-parto, observou-se que a maioria das mulheres ainda não havia reiniciado sua vida sexual depois de oito semanas de nascimento do bebê. Algumas mulheres, além da falta de esclarecimento, não voltaram a ter relações sexuais com o marido porque não tinham nenhum método para evitar filhos. Por isso tinham medo de uma nova gravidez. "Sabemos que a abstinência não é o melhor método contraceptivo", observa Maria Cristina.

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